sábado, 19 de novembro de 2011

PERIPÉCIAS DA ALDENOURA


Os convidados é que trabalharam!
A Aldenoura nos convidou para seu aniversário e logo avisou que se não chegássemos antes das 9h da manhã não iríamos entrar. Imaginamos, então, um big café da manhã, afinal de contas, ela também era mestra em fazer comilanças deliciosas. Acordamos cedo, e, em jejum, nos deslocamos para o sítio “O que é que te farta”, localizado na ponte do ipixuna. Quando Chegamos, logo percebemos que fomos enganados, pois apenas uma garrafa de café preto e umas rosquinhas enfeitavam a mesa. Mas, em cima de outras mesas, estavam os materiais necessários para preparar o churrasco, o arroz, a farofa, a salada de fruta, a sobremesa... E, para a nossa maior surpresa, os nomes dos componentes de cada equipe. Cada uma teria que executar uma tarefa. Foi, então, que “caiu a ficha”, nós iríamos preparar o almoço para ela. Executamos as atividades com o estômago roncando. No início reclamos, mas depois ela se encarregou de alegrar o nosso ambiente. Colocou música e charlava com uma taça de champanhe ao redor de cada mesa. Fiscalizava todas as tarefas nos mínimos detalhes e não parava de falar, sugerir, mandar refazer... E depois ainda deu nota para cada grupo. O que a equipe vencedora ganhou? Experiência, muita experiência. E, é claro, as belas lições da nossa mestra: “Não fizeram mais do que a obrigação de vocês. Queriam que eu trabalhasse dia do meu aniversário? Ora, quem merece o presente? A aniversariante!” É, mana, e não é que você tinha razão! Obrigada por esses momentos lindos que passamos ao seu lado!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PERIPÉCIAS DA ALDENOURA


- A sabotagem do concurso de beleza

Como sempre foi taxada pela família de feia ou diferente, pelo fato de não ter lindos olhos claros, a Aldenoura resolveu fazer um concurso de beleza entre as seis irmãs. Era necessário provar o contrário. Planejou tudo, determinou, inclusive, que as candidatas iriam ser as próprias juradas. Ela sabia, esperta como era, que, nesse momento, os quesitos afinidade, interesse, amizade iam definir o resultado. Por isso, de maneira brilhante, conseguiu subornar a irmã caçula, só foi preciso alguns bombons e a narrativa de historinhas infantis. A coitadinha, sem saber das intenções da irmã mais velha, resolveu dar seu humilde voto para ela. Quando foi somada a votação, “a patinha feia” era a vencedora. As outras, enfurecidas, resolveram fazer uma CPI e descobriram que a Aldenoura votou nela mesma, por isso somou dois votos e, então, foi a ganhadora do grande concurso; enquanto as outras, tiveram apenas um. E ela, de maneira sábia e criativa, defendeu seu ponto vista: “Se eu não me achar bonita e valorizar, quem vai achar? E ainda concluiu sua grande teoria : “os olhos claros só servem para inflamar e dar remela”.

Minha irmã era muito presepeira! É muito, muito difícil usar o verbo no passado!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

PERIPÉCIAS DA ALDENOURA



Vale a pena qualquer coisa para ver seu ídolo

Aldenoura era fã número um do cantor Jerry Adriane. Na época, ele arrebatava os corações das mocinhas . Um dia, chegou a notícia que ele iria cantar em Abaetetuba. A euforia foi total. Mas, um grande problema surgiu: Como adquirir o dinheiro para comprar o ingresso? Tio Pedra, pai da Aldenoura, para colocar em prova o tamanho do amor da fã pelo ídolo, sugeriu que ela lavasse o chiqueiro do porco. Ela aceitou na hora. Então, passou a tarde toda suja de lama com um odor insuportável. Por volta das cinco da tarde, o Copacabana, em edição extraordinária, anunciou o cancelamento do show. Ela serviu de caçoada por muito tempo. Mas, depois de muitos anos, quando já estava casada, realizou seu grande sonho, foi para Vila dos Cabanos assistir a um show do seu ídolo. Não só cantou e dançou , como também teve a oportunidade de conhecê-lo. Após muitos empurrões e euforias, conseguiu entrar no camarim. O encontro foi regado com abraços e beijos. E as fotos foram tiradas com objetivo de esnobar daqueles que zombaram dela por muito tempo. Lição: Não devemos desistir dos nossos sonhos! Depois conto mais peripécias da nossa eterna professora, minha irmã inesquecível. Agora eu sei que a “morte afasta as pessoas fisicamente, mas não consegue afastar as relações”.

POEMA

Com os Mortos
Os que amei, onde estão? Idos, dispersos,
arrastados no giro dos tufões,
Levados, como em sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos...

E eu mesmo, com os pés também imersos
Na corrente e à mercê dos turbilhões,
Só vejo espuma lívida, em cachões,
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos...

Mas se paro um momento, se consigo
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei vivem comigo,

Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também,
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
Na comunhão ideal do eterno Bem.

Antero de Quental, in "Sonetos"