terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O tema e o título

Antes de se iniciar a dissertação, é necessário que se estabeleça a diferença entre o tema o título.

O tema é o assunto sobre o qual o redator irá escrever a sua redação, ou seja, é a idéia central que norteará as idéias secundárias a serem desenvolvidas. Será geralmente, uma oração completa.

Já o título, consiste numa expressão mínima que faz uma referência vaga acerca da redação, dando ao leitor uma idéia vaga sobre o tema escolhido e sobre o que será tratado no texto. Será, na maioria das vezes, um conjunto de palavras nominais, ou seja, não constituem uma oração.

Exemplo:

Tema - É cada vez mais evidente o papel desempenhado pela televisão na formação do jovem do século XXI.

Veja algumas possibilidades de temas:

- A televisão e o jovem moderno

- As influências da televisão na educação dos jovens

- O papel da tv na educação

- Televisão versus educação

OBS! Note que há uma diferença básica entre o título e o tema. O primeiro é apenas uma expressão e geralmente não apresenta verbo, enquanto o segundo se constitui numa oração e tem evidentemente um verbo.

O que é redação?


Segundo o dicionário Aurélio (2002), redação é, entre outras coisas, composição literária sobre tema específico. Essa concepção implicar dizer que há um direcionamento que rege a redação, as idéias. Pode-se dizer então, que redação é a expressão de idéias.
Estruturalmente, a redação pode ser dividida em três tipos: narração, descrição e dissertação.
1.1. narração: a narração consiste numa composição em que um narrador conta (narra) fatos acontecidos com personagens, localizando-os num tempo e num determinado espaço.
1.2. descrição: a descrição consiste em desenhar textualmente um objeto, uma situação, um ambiente, enfim, dá ao leitor a idéia visual de algo concreto. É utilizada, principalmente, em textos narrativos para compor os cenários, os espaços, as personagens.
1.3. dissertação: a dissertação, é uma forma de redação em que se apresentam considerações a respeito de um tema para expor, explanar, explicar ou interpretar idéias. O exercício dissertativo implica, mais que qualquer outro, o exercício da razão, do raciocínio – operação mental que parte do conhecido para o desconhecido – da interferência dos dados da lógica. (Andrade & Henriques: 1999).
A dissertação consiste numa exposição de idéias que se estruturam em torno de um tema específico. Na dissertação o papel do redator é convencer o leitor a despeito de suas idéias, que são apresentadas de forma clara e objetiva, numa linguagem denotativa, onde este pode expor tudo que considera pertinente e que sirva para enriquecer a sua exposição, como exemplificações e comparações.

DISSERTAÇÃO: TIPOS DE INTRODUÇÃO


O primeiro parágrafo da redação dissertativa é a porta de entendimento para aquele que está lendo. É o parágrafo mais importante do texto. Nele, está contido o "tema" que será desenvolvido nos outros parágrafos. Encontrei alguns "modelos" de introdução que podem ser estudados e desenvolvidos por vocês.

Para exemplificação, suponhamos o tema:
A questão do menor no Brasil

Uma possível introdução seria:

Para se analisar a questão da violência contra o menor no Brasil é essencial que se discutam suas causas e suas conseqüências.

O principal defeito em uma redação que utiliza este tipo de introdução é seguir outro roteiro que não seja o nela citado.



Hipótese (hipo) tese

Este tipo de introdução traz o ponto de vista a ser defendido, ou seja, a tese que se pretende provar durante o desenvolvimento. Evidentemente a tese será retomada – e não copiada - na conclusão.

Vejamos um exemplo para o mesmo tema:

A questão da violência contra o menor tem origem na miséria - a principal responsável pela desagregação familiar.

O principal risco desse tipo de introdução é não ser capaz de realmente comprovar a tese apresentada.

Perguntas

Esta introdução constitui-se de uma série de perguntas sobre o tema.
Exemplo:
É possível imaginar o Brasil como um pais desenvolvido e com justiça social enquanto existir tanta violência contra o menor?

O principal problema neste tipo de introdução é não responder, ou responder de forma ineficaz, as perguntas feitas. Além disso, por ser uma forma bastante simples de começar um texto, às vezes não consegue atrair suficientemente a atenção do leitor.



Histórica


Esta introdução traça um rápido panorama histórico da questão, servindo muitas vezes de contraponto ao presente.

Às crianças nunca foi dada a importância devida. Em Canudos e em Palmares não foram poupadas. Na Candelária ou na praça da Sé continuam não sendo.

Deve-se tomar o cuidado de se escolher fatos históricos conhecidos e significativos para o desenvolvimento que se pretende dar ao texto.



Compararão - por semelhança ou oposição


Procura-se neste tipo de introdução mostrar como o tema, ou aspectos dele, se assemelham - ou se opõem - a outros.

É comum encontrar crianças de dez anos de idade vendendo balas nas esquinas brasileiras. Na França, nos EUA ou na Inglaterra - países desenvolvidos - nessa idade as crianças estão na escola e não submetidas a violência das ruas.

É bastante importante que a comparação seja adequada e sirva a algum propósito bem claro - no caso, mostrar o subdesenvolvimento brasileiro na questão do menor.



Definição

Parte da definição do significado do tema, ou de uma parte dele.

Menor: o mais pequeno, de segundo plano, inferior, aquele que não atingiu a maioridade. O uso da palavra “menor” para se referir às crianças no Brasil já demonstra como são tratadas: em segundo plano.

Vale perceber que há, muitas vezes, mais de uma maneira de se definir algo e, portanto a escolha da definição mais adequada dependera do ponto de vista a ser defendido.


Contestação

Contesta uma idéia ou uma citação conhecida.

O Brasil é o país do futuro. A criança é o futuro do país. Ora, se a criança no Brasil passa fome, é submetida às mais diversas formas de violência física, não tem escola, nem saúde, como pode ser esse o pais do futuro? Ou será que a criança não é o futuro do país?

Repare como esse tipo de introdução pode ser bastante atraente, uma vez que desfazer clichês atrai mais a atenção do que usá-los.



Narração

Trata-se de contar um pequeno fato de relevância como ponto de partida para a análise do tema.

Sentar numa frigideira com óleo quente foi o castigo imposto ao pequeno D., de um ano e meio, pelo pai, alcoólatra. Temendo ser preso, ele levou a criança a um hospital uma semana depois. A mulher, também vitima de espancamentos, o denunciou à polícia. O agressor fugiu.

Cuidado, ao fazer este tipo de introdução, para não cometer o erro de contar um fato sem relevância, ou transformar toda sua dissertação em uma narrativa.



Estatística

Consiste em se apresentar dados estatísticos relativos à questão a ser tratada.

Quarenta mil crianças morreram hoje no mundo, vítimas de doenças comuns combinadas com a desnutrição. Para cada criança que morreu hoje, muitas outras vivem com a saúde debilitada. Entre os sobreviventes, metade nunca colocará os pés em uma sala de aula. Isso não é uma catástrofe futura. Isso aconteceu ontem, está acontecendo hoje. E irá acontecer amanhã, exceto se o mundo decidir proteger suas crianças.

Veja que o dado estatístico, muitas vezes, não diz nada por si só. E necessário que ele apareça acompanhado de uma análise criteriosa.



Mista

Procura fundir várias formas de introdução. Veja como o exemplo dado em contestação traz também a introdução com perguntas. Vejamos um outro possível exemplo.

Crianças mortas em frente a Igreja da Candelária. Denúncias de meninas se prostituindo nas cidades e nos campos. Garotos vendendo balas nas esquinas. Não é possível imaginar o Brasil um país desenvolvido e com justiça social enquanto perdurar tão triste quadro.